Projeto: Orientação Sexual
na Escola
Justificativa:
O
tema sexualidade, talvez seja um dos mais polêmicos e de maior dificuldade de
ser tratado devido a falta de informação, paradigmas e preconceitos.
Na realidade, hoje as escolas assumem cada vez
mais a responsabilidade de educar as crianças devido à falta de convivência
familiar pelo tempo de trabalho de seus
pais e também na maioria dos casos, preferem não tratar de assuntos como a
sexualidade. Daí a importância básica do papel da escola na educação sexual
desde a educação infantil até as séries finais, no sentido de informar aquilo
que o aluno demonstra curiosidade e interesse que pode estar relacionado a um
fato ocorrido em casa, na escola ou visto em um meio de comunicação, pois se a
criança cresce aceitando e sabendo sobre sua sexualidade certamente terá uma
vida sexual saudável.
Sabemos
que na maioria das vezes as escolas não estão conseguindo cumprir esse papel
com eficiência, pois contamos com a concorrência desleal dos meios de
comunicação, que geralmente promove a promiscuidade e revelam sensualidade que
confunde a cabeça da criança e do jovem. Para que o sucesso seja alcançado é
necessária a preparação de todos os segmentos da escola, professores, direção,
orientação educacional, coordenação pedagógica, no sentido de repensarem seus
conceitos e a consequente quebra de tabus, pois é pura demagogia querermos uma
escola moderna com real interesse na formação integral de seus alunos e ainda
existir no âmbito educativo pessoas que se barbarizam com a masturbação ou
marginalizam a homossexualidade.
Objetivos:
-Envolver
toda equipe educativa e os pais no trabalho de orientação sexual dos alunos;
-Desenvolver
nos alunos o respeito pelo seu próprio corpo e também do outro;
-Refletir
sobre as diferenças de gêneros, relacionamentos, convivendo bem com elas;
-Informar
sobre curiosidades de forma clara e adequada;
-Trabalhar
temas como: gravidez precoce, métodos contraceptivos, doenças sexualmente
transmissíveis (DSTs);
-Conscientizar
sobre a importância de uma vida sexual natural, com qualidade e responsável.
Público
Alvo e duração:
Este
projeto deve ser adaptado para todos os segmentos da escola, desde a educação
infantil até o ensino médio com diferentes abordagens. Sua duração será para
todo o ano letivo.
Desenvolvimento:
1ª Etapa – Preparação da escola e da
comunidade.
Capacitação
da Equipe Educativa:
Serão oferecidos cursos de capacitação, com profissionais da área (psicólogos
escolar e terapeutas), para preparar os professores e funcionários que lidam
diretamente com os alunos, para lidarem com as manifestações da sexualidade de
crianças e adolescentes de uma natural e que contribua com o processo do
desenvolvimento integral do ser humano. Além disso, os formadores podem ajudar
a identificar os conteúdos das diversas disciplinas que irão contribuir para um
trabalho sistemático sobre o tema;
Formação
Permanente: A cada
quinze dias, será organizado um grupo de professores para estudarem temas
ligados à sexualidade, discutir as experiências vividas em salas de aula e
também para atualização do blog com dicas de vídeos, paradidáticos ou
reportagens sobre o assunto;
Envolvimento
do Pais: Reunião com
as famílias para apresentar o projeto e também para falar sobre as principais
manifestações da sexualidade na infância e adolescência e a importância de se
tratar o assunto de forma natural e com responsabilidade, também em casa.
2ª Etapa – Abordagens do tema sexualidade na
sala de aula de acordo com faixas etárias e curiosidades.
Educação
Infantil : Diferenças de gêneros/ Corpo e prazer ao se tocar.
Nesta fase é preciso explorar as diferenças
físicas e comportamentais entre meninos e meninas com informações claras, sem
analogias como: apelidar os órgãos genitais. A linguagem precisa ser simples,
mas sem fantasias, é importante ouvir as perguntas e responder de forma clara e
simples. Na tentativa de
preservarem a “inocência” infantil, os adultos recorrem as explicações mágicas,
colocando ainda fantasia no pensamento da criança. Segundo Britzman (1998), no
entanto, é preciso considerar que ela elabora suas próprias teorias a respeito
de sexo e sexualidade sem autorização dos adultos apesar dos empecilhos
colocados pela cultura.
Para
isso serão usados como recursos :
-
brincar na areia, na terra, com água para que descubram formas de satisfação ao
pisar, tocar, disputar, manipular objetos;
-músicas
e livros que abordem o processo físico de evolução como a “De umbigo a
umbiguinho” de Toquinho; os paradidáticos na linha do pensamento sexual para
crianças como “A mamãe botou um ovo” de Babete Cole; “Ceci tem pipi? De Heloisa
Jahn e Thierry Leniam. O objetivo é
estimular debates sobre por exemplo, uma mulher que viram grávida, ou o
desenvolvimento do bebê, as diferenças nos seus corpos (menino e menina),
depois se pode desenhar respostas na lousa, utilizar cartazes, bonecos que
tenham os órgãos genitais para satisfazer as curiosidades na medida em que a
criança vá demonstrando interesse .
Ensino
Fundamental -1º ao 5º ano :Vocabulários da sexualidade/Padrões de beleza.
Palavrões
são muito usados nesta fase como forma de chamar atenção ou para agredir. Mas
eles perdem rapidamente o impacto quando, por exemplo se escreve no quadro,
explica o significado de cada um e deixa bem claro que são ofensivos, vulgares
e, por isso, não devem ser usados- principalmente em público.
Caso
as palavras façam referências aos órgãos sexuais, é importante também
escrevê-los no quadro confrontando com os termos corretos, utilizar cartazes
com as figuras do corpo humano nomeadas corretamente cada uma de suas partes
como braço, perna, cabeça, vagina, pênis, e
começar sempre utilizá-las nas conversas sobre o tema ajudando a desmitificar
essas palavras.
Nessa
idade é fácil perceber que há o deboche da aparência de colegas. Será proposto que assistam como tarefa
de casa o filme Shrek , logo
depois, promover debates sobre padrões
de beleza, dividindo a turma em duplas pedindo que cada um descreva qualidades
ou algo que ache bonito no colega comparando com a história do filme refletir
se é justo, que as pessoas evitem ou zombem daquilo ou de quem não ache bonito.
Em uma aula de arte analisar a obra de Leonardo da Vinci – Monalisa- explicando
que na época em que foi pintada, ela era um padrão de beleza e hoje a sociedade
apresenta outro padrão de beleza, mas o importante é valorizarmos nosso corpo,
cuidar, entender as transformações que o nosso corpo sofre de acordo com as
fases da vida.
Ensino
Fundamental – 6º ao 9º ano: Puberdade/Métodos contraceptivos/ Ser homem ou
Mulher /DSTs
Esta fase
é marcada pela puberdade – conjunto de transformações físicas e emocionais que
traduzem a passagem progressiva da infância para a adolescência, onde ocorrem
diferenças e alterações no corpo, surgem os pelos, a menstruação, etc. Assim, é
importante explicar bem para que o adolescente entenda o “por que ” e qual a
maneira mais saudável para seu desenvolvimento sexual.
Recursos
para abordar tudo isso :
- ler
com os alunos o poema “Enjoadinho de Vinicius de Moraes”(trata as necessidades
de um bebê, do que se abre mão para ser pai ou mãe) , levar e fazer circular
pela sala de aula cartelas de pílulas anticoncepcionais, preservativos
femininos e masculinos, tabelinhas para o ciclo menstrual, responder as dúvidas
da utilização desses, aconselhar na proteção à uma gravidez precoce;
-assistir
filmes com o grupo de alunos como “Billy Elliot”, de Stephen Daldry (onde o
filho de um casal conservador resolve ser bailarino); “Brokeback Montain”, de
Ang Lee(mostra o preconceito contra homossexuais) para, então propor diálogos
improvisados entre os adolescentes usando argumentos compatíveis com os
personagens;
-ouvir
com os alunos músicas como A Via Láctea de Renato Russo; Ideologia de Cazuza
(musicos que morreram vítimas da aids) e selecionar versos dessas canções como:
“Essa febre não passa ; Meu prazer agora é risco de vida” ,
para abordar DSTs e prevenções, realizando pesquisas sobre a incidência da
síndromes na população, levando-os a refletir que não existem mais grupos de
risco e sim atitudes de risco;
Ensino
Médio – Sexo uma necessidade evolutiva
No
ensino médio o tema será abordado de forma mais ampla e complexa, usando os
conhecimentos adquiridos nas aulas de Biologia e assim, considerar a relação
sexual como sendo necessária para a manutenção da espécie humana.
A
escola trará para palestras e oficinas terapêuticas aos jovens: psicólogos escolar,
médicos ginecologistas e pesquisadores em Orientação Sexual para ajudar na
reflexão e atitudes que considerem a relação do ato sexual com o amor, a
homossexualidade e a bissexualidade, o aborto, os problemas genéticos que podem
ocorrer com o casal e com os seus respectivos filhos, a infertilidade e as suas
soluções, da vida sexual com qualidade e informações necessárias para encaminhar
esses jovens a uma geração sexualmente saudável e responsável.
METODOLOGIA:
-sensibilização;
-reflexão, debates e
discussões;
-leitura e análise de
textos, livros e de vídeos;
-aula expositiva / uso de
modelos /cartazes/ slides;
-dinâmicas de grupo;
-palestras e oficinas
terapêuticas com profissionais da área.
AVALIAÇÃO:
-escrita individual e em
grupo;
-em grupo através das
discussões e colocações sobre cada tema;
-iniciativas e participação geral.
Conclusão:
Realizar
um trabalho de orientação sexual em uma escola possibilita aos alunos
informações e reflexões a cerca de todos os aspectos que envolvem a
sexualidade. A informação pode ser a mesma para todos, mas a reflexão é
individual, levando cada pessoa a formar posturas personalizadas. O termo
“orientação” faz-se mais adequado, do que anteriormente que se intitulava
“educação sexual”, uma vez que este trabalho não se propõe a educar, mas
direcionar a análise e compreensão dos alunos a cerca de todos os aspectos
referentes a sexualidade. A educação virá da família, seja ela repressora,
liberal ou ausente.
Deste modo, a escola hoje, não tem
função apenas de ensinar, mas de formar cidadãos conscientes do seu papel na
sociedade, tornando-se capazes de enxergar a realidade e discernir sobre como
agir. Na realidade, a construção da sexualidade é um processo extremamente
complexo, concomitantemente individual social, psíquico e cultural, que possui
historicidade, envolve práticas, atitudes e simbolizações. Faz-se necessário
não só trabalhar com crianças e adolescentes os processos cognitivos, mas todos
os aspectos relacionados com a afetividade, com a formação da cidadania, com a
ética, com a sexualidade. Deste modo, este projeto propôs ser mais um
instrumento de discussão e esclarecimentos de dúvidas a cerca da sexualidade
humana.
BIBLIOGRAFIA
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Maria Luíza Silveira. Educação, a revolução necessária. Petrópolis, RJ: Vozes,
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