20 de junho de 2012


Projeto: Orientação Sexual na Escola

Justificativa:

O tema sexualidade, talvez seja um dos mais polêmicos e de maior dificuldade de ser tratado devido a falta de informação, paradigmas e preconceitos.

 Na realidade, hoje as escolas assumem cada vez mais a responsabilidade de educar as crianças devido à falta de convivência familiar pelo  tempo de trabalho de seus pais e também na maioria dos casos, preferem não tratar de assuntos como a sexualidade. Daí a importância básica do papel da escola na educação sexual desde a educação infantil até as séries finais, no sentido de informar aquilo que o aluno demonstra curiosidade e interesse que pode estar relacionado a um fato ocorrido em casa, na escola ou visto em um meio de comunicação, pois se a criança cresce aceitando e sabendo sobre sua sexualidade certamente terá uma vida sexual saudável.

Sabemos que na maioria das vezes as escolas não estão conseguindo cumprir esse papel com eficiência, pois contamos com a concorrência desleal dos meios de comunicação, que geralmente promove a promiscuidade e revelam sensualidade que confunde a cabeça da criança e do jovem. Para que o sucesso seja alcançado é necessária a preparação de todos os segmentos da escola, professores, direção, orientação educacional, coordenação pedagógica, no sentido de repensarem seus conceitos e a consequente quebra de tabus, pois é pura demagogia querermos uma escola moderna com real interesse na formação integral de seus alunos e ainda existir no âmbito educativo pessoas que se barbarizam com a masturbação ou marginalizam a homossexualidade.


Objetivos:

-Envolver toda equipe educativa e os pais no trabalho de orientação sexual dos alunos;

-Desenvolver nos alunos o respeito pelo seu próprio corpo e também do outro;

-Refletir sobre as diferenças de gêneros, relacionamentos, convivendo bem com elas;

-Informar sobre curiosidades de forma clara e adequada;

-Trabalhar temas como: gravidez precoce, métodos contraceptivos, doenças sexualmente transmissíveis (DSTs);

-Conscientizar sobre a importância de uma vida sexual natural, com qualidade e responsável.


Público Alvo e duração:

Este projeto deve ser adaptado para todos os segmentos da escola, desde a educação infantil até o ensino médio com diferentes abordagens. Sua duração será para todo o ano letivo.


Desenvolvimento:

1ª Etapa – Preparação da escola e da comunidade.

Capacitação da Equipe Educativa: Serão oferecidos cursos de capacitação, com profissionais da área (psicólogos escolar e terapeutas), para preparar os professores e funcionários que lidam diretamente com os alunos, para lidarem com as manifestações da sexualidade de crianças e adolescentes de uma natural e que contribua com o processo do desenvolvimento integral do ser humano. Além disso, os formadores podem ajudar a identificar os conteúdos das diversas disciplinas que irão contribuir para um trabalho sistemático sobre o tema;

Formação Permanente: A cada quinze dias, será organizado um grupo de professores para estudarem temas ligados à sexualidade, discutir as experiências vividas em salas de aula e também para atualização do blog com dicas de vídeos, paradidáticos ou reportagens sobre o assunto;

Envolvimento do Pais: Reunião com as famílias para apresentar o projeto e também para falar sobre as principais manifestações da sexualidade na infância e adolescência e a importância de se tratar o assunto de forma natural e com responsabilidade, também em casa.



2ª Etapa – Abordagens do tema sexualidade na sala de aula de acordo com faixas etárias e curiosidades.



Educação Infantil : Diferenças de gêneros/ Corpo e prazer ao se tocar.

 Nesta fase é preciso explorar as diferenças físicas e comportamentais entre meninos e meninas com informações claras, sem analogias como: apelidar os órgãos genitais. A linguagem precisa ser simples, mas sem fantasias, é importante ouvir as perguntas e responder de forma clara e simples. Na tentativa de preservarem a “inocência” infantil, os adultos recorrem as explicações mágicas, colocando ainda fantasia no pensamento da criança. Segundo Britzman (1998), no entanto, é preciso considerar que ela elabora suas próprias teorias a respeito de sexo e sexualidade sem autorização dos adultos apesar dos empecilhos colocados pela cultura.

Para isso serão usados como recursos :

- brincar na areia, na terra, com água para que descubram formas de satisfação ao pisar, tocar, disputar, manipular objetos;

-músicas e livros que abordem o processo físico de evolução como a “De umbigo a umbiguinho” de Toquinho; os paradidáticos na linha do pensamento sexual para crianças como “A mamãe botou um ovo” de Babete Cole; “Ceci tem pipi? De Heloisa Jahn e Thierry Leniam. O  objetivo é estimular debates sobre por exemplo, uma mulher que viram grávida, ou o desenvolvimento do bebê, as diferenças nos seus corpos (menino e menina), depois se pode desenhar respostas na lousa, utilizar cartazes, bonecos que tenham os órgãos genitais para satisfazer as curiosidades na medida em que a criança vá demonstrando interesse .



Ensino Fundamental -1º ao 5º ano :Vocabulários da sexualidade/Padrões de beleza.

Palavrões são muito usados nesta fase como forma de chamar atenção ou para agredir. Mas eles perdem rapidamente o impacto quando, por exemplo se escreve no quadro, explica o significado de cada um e deixa bem claro que são ofensivos, vulgares e, por isso, não devem ser usados- principalmente em público.

Caso as palavras façam referências aos órgãos sexuais, é importante também escrevê-los no quadro confrontando com os termos corretos, utilizar cartazes com as figuras do corpo humano nomeadas corretamente cada uma de suas partes como braço, perna, cabeça, vagina, pênis, e começar sempre utilizá-las nas conversas sobre o tema ajudando a desmitificar essas palavras.   

Nessa idade é fácil perceber que há o deboche da aparência de colegas. Será proposto que assistam como tarefa de casa o filme Shrek  , logo depois,  promover debates sobre padrões de beleza, dividindo a turma em duplas pedindo que cada um descreva qualidades ou algo que ache bonito no colega comparando com a história do filme refletir se é justo, que as pessoas evitem ou zombem daquilo ou de quem não ache bonito. Em uma aula de arte analisar a obra de Leonardo da Vinci – Monalisa- explicando que na época em que foi pintada, ela era um padrão de beleza e hoje a sociedade apresenta outro padrão de beleza, mas o importante é valorizarmos nosso corpo, cuidar, entender as transformações que o nosso corpo sofre de acordo com as fases da vida.



Ensino Fundamental – 6º ao 9º ano: Puberdade/Métodos contraceptivos/ Ser homem ou Mulher /DSTs  

Esta fase é marcada pela puberdade – conjunto de transformações físicas e emocionais que traduzem a passagem progressiva da infância para a adolescência, onde ocorrem diferenças e alterações no corpo, surgem os pelos, a menstruação, etc. Assim, é importante explicar bem para que o adolescente entenda o “por que ” e qual a maneira mais saudável para seu desenvolvimento sexual.

Recursos para abordar tudo isso :

- ler com os alunos o poema “Enjoadinho de Vinicius de Moraes”(trata as necessidades de um bebê, do que se abre mão para ser pai ou mãe) , levar e fazer circular pela sala de aula cartelas de pílulas anticoncepcionais, preservativos femininos e masculinos, tabelinhas para o ciclo menstrual, responder as dúvidas da utilização desses, aconselhar na proteção à uma gravidez precoce;

-assistir filmes com o grupo de alunos como “Billy Elliot”, de Stephen Daldry (onde o filho de um casal conservador resolve ser bailarino); “Brokeback Montain”, de Ang Lee(mostra o preconceito contra homossexuais) para, então propor diálogos improvisados entre os adolescentes usando argumentos compatíveis com os personagens;

-ouvir com os alunos músicas como A Via Láctea de Renato Russo; Ideologia de Cazuza (musicos que morreram vítimas da aids) e selecionar versos dessas canções como: “Essa febre não passa ; Meu prazer agora é risco de vida”    , para abordar DSTs e prevenções, realizando pesquisas sobre a incidência da síndromes na população, levando-os a refletir que não existem mais grupos de risco e sim atitudes de risco;



Ensino Médio – Sexo uma necessidade evolutiva

No ensino médio o tema será abordado de forma mais ampla e complexa, usando os conhecimentos adquiridos nas aulas de Biologia e assim, considerar a relação sexual como sendo necessária para a manutenção da espécie humana.

A escola trará para palestras e oficinas terapêuticas aos jovens: psicólogos escolar, médicos ginecologistas e pesquisadores em Orientação Sexual para ajudar na reflexão e atitudes que considerem a relação do ato sexual com o amor, a homossexualidade e a bissexualidade, o aborto, os problemas genéticos que podem ocorrer com o casal e com os seus respectivos filhos, a infertilidade e as suas soluções, da vida sexual com qualidade e informações necessárias para encaminhar esses jovens a uma geração sexualmente saudável e responsável.


METODOLOGIA:

-sensibilização;

-reflexão, debates e discussões;

-leitura e análise de textos, livros e de vídeos;

-aula expositiva / uso de modelos /cartazes/ slides;

-dinâmicas de grupo;

-palestras e oficinas terapêuticas com profissionais da área.
 

AVALIAÇÃO:

-escrita individual e em grupo;

-em grupo através das discussões e colocações sobre cada tema;

 -iniciativas e participação geral.


Conclusão:

Realizar um trabalho de orientação sexual em uma escola possibilita aos alunos informações e reflexões a cerca de todos os aspectos que envolvem a sexualidade. A informação pode ser a mesma para todos, mas a reflexão é individual, levando cada pessoa a formar posturas personalizadas. O termo “orientação” faz-se mais adequado, do que anteriormente que se intitulava “educação sexual”, uma vez que este trabalho não se propõe a educar, mas direcionar a análise e compreensão dos alunos a cerca de todos os aspectos referentes a sexualidade. A educação virá da família, seja ela repressora, liberal ou ausente.

            Deste modo, a escola hoje, não tem função apenas de ensinar, mas de formar cidadãos conscientes do seu papel na sociedade, tornando-se capazes de enxergar a realidade e discernir sobre como agir. Na realidade, a construção da sexualidade é um processo extremamente complexo, concomitantemente individual social, psíquico e cultural, que possui historicidade, envolve práticas, atitudes e simbolizações. Faz-se necessário não só trabalhar com crianças e adolescentes os processos cognitivos, mas todos os aspectos relacionados com a afetividade, com a formação da cidadania, com a ética, com a sexualidade. Deste modo, este projeto propôs ser mais um instrumento de discussão e esclarecimentos de dúvidas a cerca da sexualidade humana.


BIBLIOGRAFIA


ARANTANGY, Lídia. Revista Isto É, nº 1340, p. 94. 07 de junho 1995.


BRITZMAN, Deborah P. O que é esta coisa chamada amor? Identidade homossexual, orientação e currículo. Orientação & Realidade, Porto Alegre, n. 21(1), p.71-96, jan. /jun.

GENTILE, Paola. Revista Nova Escola, p. 22 de abril de 2006.



______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Saúde e

prevenção nas escolas: guia para a formação de profissionais de saúde e de

educação. Brasília, 2008.


SUPLICY, Marta. Conversando sobre sexo. Petrópolis, RJ: Vozes, 1983.

TELES, Maria Luíza Silveira. Educação, a revolução necessária. Petrópolis, RJ: Vozes, 1992.


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